Um dia desses um grande amigo me convidou para tomarmos uma cerveja depois do trabalho. Ele disse que precisava muito conversar comigo. Nem bem sentamos ele começou sua narrativa. Disse então que estava desesperado. Tinha sido demitido de um bom emprego numa multinacional, onde trabalhara nos últimos vinte anos, e onde julgava que iria se aposentar. Cansado de procurar colocação na mesma área onde trabalhou nos últimos anos resolveu se tornar dono de um restaurante, ramo que desconhecia totalmente e ainda por cima teria um sócio. Seu rosto deixava transparecer todo o medo que tomava conta de seu corpo e de sua mente pelo que vinha pela frente. Para ele era um mundo totalmente desconhecido.

 

Quando ele se acalmou e relaxou um pouco comecei a contar-lhe uma história que minha avó materna sempre me contava e que vem a calhar para o momento.

 

O RIO E O OCEANO

 

Diz-se que um rio treme de medo antes de cair no oceano.

 

Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o logo caminho sinuoso através das florestas, dos povoados e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.

 

Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Pode-se apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece.

 

Apenas o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano.

 

Por um lado é desaparecimento, por outro, renascimento.

 

Assim somos nós: voltar é impossível na existência. Você pode ir em frene e se arriscar.

 

Antes de irmos embora lhe dei esse conselho: “Torne-se oceano”.

 

“A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas” (Horácio)

 

 

Magno Andrade – Advogado, 

Economista e Consultor Empresarial. e-mail: magnoandrade15@hotmail.com instagram: @magnoandrade15