Publicada em 15/09/2020

Por Lilian Panizza, comerciante há 30 anos

Que fique bem claro que não tenho nenhum viés político ou coisa parecida, é apenas a minha humilde impressão quanto comerciante. Gostaria de dividir com vocês os sufocos que nós, pequenos comerciantes, passamos no dia a dia depois do “novo normal”.
Quando os governantes anunciaram o fechamento do comércio, colocamos muitos projetos que estavam lá bem guardadinhos na nossa inércia, rapidamente em prática. Fizemos lojas virtuais, investimos em mídias digitais, vídeos, lista de transmissão, link de pagamento, delivery, ou seja, tudo que não tínhamos ou estava meia boca foi planejado e executado em poucos dias.
Costumo dizer aos mais chegados que nós empreendedores só temos o sol e a lua. O sol para clarear nossas ideias e pagar boletos e a noite para pensarmos como vamos pagar o boleto do dia seguinte. E o cenário em meio as lojas fechadas era de fornecedores implorando para recebermos mercadorias e nossos estoques lotados.
Com a abertura do comércio, em diversos segmentos percebi uma demanda reprimida de pessoas que ficaram muito tempo em casa. E o reflexo disso foi o aumento de consumo em quase todos os setores do comércio.
O que esquecemos é que insumos e matérias primas das mercadorias são maioria Made in China e a indústria nacional não estava preparada para tal demanda. Ou seja, ninguém estava preparado.
Nós pequenos, estamos sofrendo com o atraso de entrega de mercadorias, aumentos abusivos de nossos fornecedores com a justificativa de também estar comprando com valores mais elevados, e temo não ter estoque para surfar na melhor onda (Onda de vendas de final de ano). Agora só nos resta aguardar e ter a esperança de que tudo fique bem!